História do Arco
Sites sobre o arco em
inglês:
International Bamboo Arrow Society - Dedicated to the crafting and use
of bamboo, reed and cane arrows from around the world. Includes photos, links,
and information about bamboo arrows.
Os primórdios do arco e da flecha
Escrito por José Ricardo Lopes:
O tiro com arco é uma das artes
mais antigas e que ainda continua sendo praticada. A história da evolução do
arco e flecha no mundo nos remete à história da própria raça humana.
Alguns historiadores acreditam
que o arco e flecha é uma das três mais importantes invenções da Humanidade,
junto com a descoberta do fogo e o desenvolvimento da linguagem.
No início, paus e pedras eram as
únicas armas do homem contra predadores maiores, mais fortes e mais rápidos.
Mas, armado com arco e flecha, o Homem subitamente se tornou o mais eficiente
caçador na Terra, capaz de atirar em sua presa com precisão de uma distância
segura. O arco e flecha deu aos homens maior proteção, uma dieta rica em
proteínas, e também um suprimento mais abundante de materiais crus como ossos,
tendões e peles, dos quais os primeiros humanos dependiam.
Primitivas pinturas de cavernas,
tais como as descobertas no leste da Espanha, provam que o homem já caçava com
arco e flecha há pelo menos 12.000 anos. Antigas pontas de flecha encontradas
em Bir-El-Atir, na Tunísia, datam de mais longe ainda, algo como 40 mil anos
atrás. Evidencias de arcos tem sido encontradas em todas as partes do mundo,
inclusive na Austrália, onde inicialmente se pensou que o arco não teria sido
usado.
O arco através dos tempos:
Apesar do arco e flecha datar da
Idade da Pedra, os primeiros registros históricos indicam que os Egípcios o
utilizaram 5000 anos AC com propósitos de caça e como arma de guerra.
Em 1200 AC, os Assírios
construíram arcos mais recurvados e menores, aumentando a potencia de tiro e
facilitando o uso quando montados em cavalos.
Na China, o arco data da dinastia
Shang (1766-1027 AC). Durante a dinastia Zhou (Chou) (1027-256 BC), os nobres
da corte promoviam campeonatos de arco e flecha acompanhados de música e elegantes
saudações.
No Japão, uma de suas artes
marciais originalmente conhecida como kyujutsu (a arte do arco), e atualmente
conhecida como kyudo (caminho do arco), continua sendo praticado até hoje nos
mesmos padrões de seus ancestrais. Depois de um ritual de movimentos, o
arqueiro se dirige para a linha de tiro e atira num alvo de 36 cm de diâmetro
colocado num banco de areia e encoberto, a uma distancia de 28 metros. O arco
tem 2,21 metros de comprimento e é construído com lâminas de bambu e madeira.

Kyujutso

Kyudo
No período Greco-Romano, o arco
era usado mais para caça do que para guerra. Tanto os Gregos quanto os Romanos
usaram os Cretoneanos como arqueiros. Os Romanos eram considerados arqueiros de
segunda categoria, pois puxavam o arco até o peito e não usavam a puxada longa
até a face, o que dá mais precisão ao tiro. Desta forma os seus oponentes
sempre apresentavam maior habilidade no tiro com arco.
Os Parthians (ancestrais dos
povos Asiáticos) por exemplo, foram cavaleiros que desenvolveram a habilidade
de rotacionar sobre a sela e efetuar o tiro com arco para trás, em pleno
galope. A superioridade dos equipamentos e das técnicas dos orientais continuou
por séculos, e até hoje os atletas koreanos têm atuação marcante nos Jogos
Olímpicos.
Para os nativos Americanos o arco
foi um instrumento de subsistência e de sobrevivência durante os períodos de
colonização.
Estudos recentes no Brasil
mostraram o perfil verdadeiro dos Bandeirantes. Eram mestiços que utilizavam o
arco e flecha como arma nas suas jornadas pela conquista de terras e ouro.
As lendas
As lendas que chegaram até nós de
arqueiros famosos, essencialmente européias, geralmente bastante fantasiosas,
nos revelam ideais cavalheirescos de heróis defensores dos oprimidos, tais como
Robin Hood, o nobre que se revoltou contra a opressão do tirano e “roubava dos
ricos para devolver aos pobres”, amplamente veiculado em filmes e histórias que
povoam nossa imaginação desde crianças; de protetores de seus entes queridos,
como o suíço Guilherme Tell (que em verdade era um balesteiro, que atirava de
besta ou balestra, e não arqueiro), entre outros.
No Brasil, a figura do arqueiro
nativo não se associa, geralmente, ao herói como costumamos imaginar, mas
simplesmente ao do indígena que usa o arco, de forma hábil, para pescar, caçar
e guerrear. Exceção é feita ao personagem “Peri”, do romance “O Guarani” de
José de Alencar, que tem sentimentos e atos que mais se parecem com aqueles dos
heróis cruzados.
O arco como esporte:
A primeira competição organizada
de arco e flecha que se tem registro ocorreu em Finsbury, Inglaterra em 1583 e
contou com 3000 participantes!
Durante a Guerra dos 30 anos
(1618-1648), ficou claro que o arco como arma de guerra pertencia ao passado,
devido à introdução das armas de fogo. Desde então o tiro com arco tem se
desenvolvido como esporte e lazer.
A evolução do esporte:
O Tiro com Arco foi introduzido
nos Jogos Olímpicos em 1900 e tiveram outras competições em 1904, 1908, e 1920.
Nestes quatro Jogos os arqueiros poderiam participar de vários eventos e portanto
conquistar muitas medalhas. Hubert van Innis (BEL) é o arqueiro mais
condecorado na história dos Jogos Olímpicos, conquistando seis medalhas de ouro
e três de prata em 1900 e 1920.
O Tiro com Arco foi reintroduzido
nos Jogos Olímpicos em 1972 com disputa individual nas categorias masculino e
feminino. Nestes jogos John Williams e Doreen Wilber dos Estados Unidos
conquistaram as medalhas de ouro. A competição por equipe foi inserida na
Olimpíada de Seoul em 1988.
A atualidade:
Em 1992, uma forma de disputa
mais competitiva foi adotada: o novo “Round Olímpico”, conhecido por aqui como
“combate”. Nos 2 primeiros dias, os arqueiros atiram o round FITA clássico (2
distâncias por dia). Os primeiros 32 colocados avançam para a disputa de
eliminatória simples, atirando contra seus alvos, disputando 1 a 1 com o outro
arqueiro quem passa para a próxima fase, a 70m de distância. As disputas se
sucedem até que sejam determinados aqueles que disputarão as medalhas. Empates
são decididos por uma única flecha, chamada “flecha de morte”, sendo
considerado vencedor aquele tiro mais próximo do centro. O novo round Olímpico
tornou a disputa por medalha individual menos demorada, mais competitiva e
emocionante, até para o público leigo, sendo geralmente transmitida ao vivo
pela TV.
Atualmente, os sul-coreanos se
destacam como equipe masculina e são imbatíveis em todas as modalidades
femininas. Individualmente, porém, o conhecimento do local de tiro, fatores
climáticos e até torcida são relevantes, tanto que na Olimpíada de Atlanta 1976
sagrou-se medalhista de ouro o americano Justin Huish; e na de Sidney 2000 o
australiano Simon Fairweather.
O número 1 do mundo (pelo ranking
da FITA) é, ainda, o italiano Michele Frangili.
O arco e flecha no Brasil
No Brasil o Tiro com Arco teve
início em 1955 quando um piloto da Pan-Air, após conhecer o esporte em
Portugal, criou interesse e ao se aposentar trouxe alguns equipamentos para o
Brasil e começou a praticar.
Em 09 de julho de 1991, na Cidade
do Rio de Janeiro, foi fundada a Confederação Brasileira de Tiro com Arco –
CBTARCO.
Desde então os atletas
brasileiros passaram a representar o nosso país em várias competições, como
Campeonatos Mundiais, Campeonatos das Américas, Jogos Pan-americanos e Jogos
Olímpicos.
A CBTARCO atualmente tem como
Presidente o Sr. Vicente Fernando Blumenschein, sendo composta pelas Federações
do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Rio Grande do Sul, Mato Grosso,
Goiás e Espírito Santo.
A Direção técnica se encontra a
cargo do Sr. Renato Dutra e Melo Emilio, tendo como colaboradores o Sr. Anselmo
Nilo Hernandes e Sr. Paulo Gonçalves Cerqueira os quais realizaram treinamento
específico em programa da Solidariedade Olímpica.
O arco e flecha em Brasília e na
região:
Algumas pessoas já podem ter
visto, em anos anteriores, em certos lugares isolados (e improvisados) de
Brasília, “arqueiros” atirando com arco e flecha, de forma despretensiosa ou
como atividade de lazer. Com certo grau de experiência pode-se afirmar que certamente
existem, entre tantos moradores, provavelmente algumas dezenas de possuidores
de equipamentos de arco e flecha, nacionais ou importados, que compraram seus
arcos por motivos diversos (lazer, caça, pesca, vontade de conhecer o esporte,
etc), e que não são conhecidos uns dos outros ou do público em geral e
interessados por aqueles motivos próprios do esporte, e porque a cidade não tem
um local específico e conhecido onde se possa praticar o Tiro com Arco, ou
simplesmente atirar informalmente. Não existe, até hoje, no Distrito Federal,
um clube, associação ou federação com representatividade nacional, ou que tenha
se tentado – e conseguido – iniciar a atividade e levá-la adiante.
Em março de 2000, a recém-fundada
Federação Goiana de Tiro com Arco – FEGOTARCO – cujo presidente é o Sr. Paulo
G. Cerqueira, promoveu um curso de noções de tiro com arco no Clube de
Engenharia de Goiânia, contando com as presenças dos senhores Vicente Fernando
Blumenschein, presidente da CBTARCO, e Renato Dutra e Melo Emilio, Diretor
técnico, seguido de uma prova que seria a 1ª etapa do I Campeonato Goiano
Indoor. Àquela ocasião compareceram três arqueiros de Brasília, todos com
objetivos semelhantes: informações gerais, um primeiro contato com o esporte,
com atiradores experientes, aquisição de materiais, etc. Entre eles este
instrutor, que buscava retornar a atirar com arco, depois de 8 anos afastado do
arco e flecha (que é como se podia chamar tudo o que eu tinha feito até então)
por motivos profissionais e diversos. Coincidentemente, todos nos interessamos
pelo arco olímpico, apesar de já haverem em Goiânia excelentes arqueiros de
composto. Desde esta época, continuamos participando das competições,
apareceram diversos outros interessados, e locais mais apropriados para treino
foram sendo descobertos. Com certeza, o apoio da FEGOTARCO e de arqueiros
verdadeiros, na concepção da palavra, como Henrique Junqueira Campos,
presidente do Clube Goyaz de Arco e Flecha, Mauro Sagnori, Rodrigo Giordani,
entre outros, tem sido de inegável importância para o crescimento do esporte em
nossa região.
A partir de 2001, vários
arqueiros de Brasília, que ainda competiam por Goiânia, se reuniram para fundar
algumas associações, para divulgar e incentivar o esporte do tiro com arco e o
lazer de atirar com arco e flecha na região, e ser possivelmente o “embrião” de
uma futura federação brasiliense ou do Distrito Federal. Entre elas, a ACERTA –
Associação Cerrado de Tiro com Arco, cujo presidente é o Sr. Sérgio Luiz Del
Corso, e mais recentemente a ATIRA, Academis de Tiro com Arco, pelo Sr. Tin Po
Huang.
Aliado a tudo isto, por
iniciativa do Tcel Gomes Bezerra, Tcel Menna Barreto e Tcel Samuel, todos do
CMB, surgiu em 2001 uma idéia memorável e pioneira de se criar nas instalações
do Colégio Militar de Brasília, dentro das possibilidades e responsabilidade do
Grupo de Atividades Especiais, e sob a égide da Associação de Pais e Mestres, a
Seção de Tiro com Arco, cujos objetivos já foram traçados na apresentação. Fui
convidado para assessorar a aquisição dos equipamentos e coordenar a
"escolinha", que teve suas primeiras turmas concluídas em 2002.
Com a extinção do GAE no final de
2002, a recém criada ATICA (Associação de Tiro com Arco de Brasília) passou a
exercer parte deste papel de divulgador, incentivador e ao mesmo formador de
futuros “talentos” locais ou mesmo nacionais, o que desde já parece ter seu
sucesso garantido, dada a grande procura de jovens por um esporte até então
considerado “elitizado” e monótono. E a cada dia eles nos surpreendem, obrigando-nos
a manter constante atualização e treinamento. Nenhum de nós é profissional
deste esporte, somos apenas incentivadores apaixonados. E os resultados nos
mostram que estamos trilhando um caminho longo, difícil e de pouco
reconhecimento mas, creio eu, pelo menos da forma correta.
O futuro do esporte do tiro com
arco, em nossa região, da perpetuação desta idéia e da obtenção dos resultados,
é responsabilidade nossa, dos organizadores, instrutores, colaboradores,
atletas, alunos e pais, e de todos os que agora estão, de uma forma ou de
outra, definitivamente “envolvidos” pela magia do Arco e da Flecha, com seu
simbolismo de procura de um objetivo, precisão, rapidez para se encontrar o
alvo, beleza e pureza dos movimentos.
Em 2004 a ATICA em parceria com o
Clube do Exército criou a primeira escola de arqueirismo do DF com uma área
oficial de treinamento para competições outdoor e de uma área coberta para
treinamento das distancias indoor.
Em 11 de Set de 2004 os atletas
da ATICA representaram pela primeira vez Brasília no campeonato brasileiro de
tiro com arco e flechas que ocorreu em Botucatu, SP conquistando um quinto
lugar na individual e um quarto por equipe na modalidade arco olímpico, com
alunos da escola de arqueirismo. A este ponto gostaria de agadecer o patrocínio
e a ajuda do Clube do Exército e em especial ao General Denardi, Cel Theófilo,
Cel Walter (diretor do Clube do Exército), Tcel José Eduardo (diretor do
departamento de tiro com arco do clube do exército e um dos integrantes do time
de Brasília na modalidade arco composto) e ao Cap José Ricardo (presidente da
Atica e um dos integrantes da equipe de
arco olímpico da Atica).
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